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Coisas não tão óbvias que aprendi falindo meu MEI em poucos meses (e que me fizeram escolher o Direito Empresarial)

Abrir o próprio negócio começa com um sonho: a busca por liberdade, propósito e, claro, sucesso financeiro. Mas a jornada do empreendedorismo é pavimentada com realidades que nenhum curso prepara você para enfrentar. Eu aprendi isso da forma mais dura, quando a minha primeira empresa faliu.

Aquele tombo, no entanto, não foi o fim. Foi o início de uma nova compreensão. Hoje, como advogada especializada em Direito Empresarial, uso as cicatrizes da minha experiência para guiar outros empreendedores. Porque falir me ensinou, de forma brutal e inesquecível, que o conhecimento jurídico não é um luxo, mas o que separa o caos da estrutura.

Estas são as 5 lições que aprendi e que todo empreendedor deveria conhecer.



1. Desenquadramento do MEI: O Crescimento que Vira Pesadelo

Quando o faturamento começou a crescer, eu me senti no topo do mundo. Mal sabia que estava caminhando para uma armadilha. O desenquadramento do Microempreendedor Individual (MEI), quando feito sem planejamento, não é uma promoção, é uma avalanche.

Da noite para o dia, vi minha carga tributária explodir e me deparei com um universo de novas obrigações fiscais e acessórias. O que parecia sucesso se transformou em dívidas e sustos.

  • A Lição: O crescimento precisa ser estratégico. Um planejamento tributário cuidadoso é essencial para garantir que a transição de regime (do MEI para Microempresa, por exemplo) seja suave e sustentável, não uma porta para a crise.

2. Inadimplência: A Ilusão da Venda Realizada

No início, eu confiava na palavra. O famoso "amanhã eu pago" era comum, e o "amanhã eu cobro" era a minha resposta. Esse otimismo custou caro. Clientes desapareceram, boletos venceram e meu fluxo de caixa foi destruído.

  • A Lição: Venda sem pagamento não é lucro, é prejuízo. A segurança de um negócio está em contratos de prestação de serviços bem redigidos, com cláusulas claras de pagamento, multas e juros. Formalizar a cobrança por meio de notificações e, se necessário, protestos, não é grosseria, é gestão.


3. Movimento Bancário Não é Lucro: A Armadilha do Fluxo de Caixa

Minha conta bancária tinha movimento todos os dias. O dinheiro entrava, mas saía com a mesma velocidade. Eu olhava o saldo e me iludia, pensando que o negócio estava prosperando. A verdade é que minha margem de lucro era tão pequena que mal pagava o estresse.

  • A Lição: Faturamento é vaidade, lucro é sanidade. É crucial diferenciar o volume de dinheiro que passa pela conta do que efetivamente sobra. Uma gestão financeira e contábil rigorosa, que separa contas pessoais das empresariais e analisa a margem de cada produto ou serviço, é o que garante a saúde do negócio.


4. Registro de Marca: O Nome do Seu Sonho Pode Não Ser Seu

"João da Areia". O nome que escolhi com tanto carinho, uma homenagem ao meu avô, era o coração da minha marca. Eu investi tempo e criatividade nele, mas cometi um erro fatal: não o registrei. Quando finalmente decidi fazê-lo, descobri que ele já tinha dono. Juridicamente, o nome que eu sonhei nunca foi meu.

  • A Lição: Uma marca sem registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é apenas uma ideia. Qualquer pessoa pode registrá-la e proibir você de usá-la, forçando um rebranding completo e a perda de todo o capital investido na identidade do seu negócio. O registro não é um d

    etalhe, é um ato de sobrevivência empresarial.


5. A Solidão do Empreendedor: A Importância de uma Rede de Apoio

Empreender é uma jornada solitária. Ninguém nos ensina a lidar com o medo que paralisa, com o peso do erro ou com a planilha de custos que insiste em não fechar. Tentei fazer tudo sozinha e o fardo se tornou insustentável.

  • A Lição: Você não precisa ser um especialista em tudo. Construir uma rede de apoio profissional — com contadores, mentores e, fundamentalmente, uma assessoria jurídica — não é um custo, é um investimento estratégico. Eles fornecem o conhecimento técnico que liberta você para focar no que faz de melhor: gerir e fazer seu negócio crescer.


Do Caos à Estrutura: O Conhecimento como Alicerce

A falência doeu. Mas ela me deu um propósito: entender o porquê das coisas e usar esse conhecimento para que outros empreendedores não repitam os meus erros.

A experiência me mostrou que, por trás de cada um desses problemas, havia uma solução jurídica ou de gestão que eu desconhecia. O Direito Empresarial não é sobre burocracia; é sobre criar uma estrutura sólida para que seu sonho possa crescer de forma segura e sustentável.

Sim, falir doeu. Mas, sem dúvida, foi o meu melhor investimento.

 
 
 

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©2017 por Dra. Thayane Martins

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